quarta-feira, 29 de junho de 2011

UM JEITO CABRAL DE "PALLOCIAR"


A tragédia que revelou uma amizade promíscua entre o até então intocável governador Sérgio Cabral e empresários do ramo de construtoras (principalmente a Delta) esclarece como é fácil para um político, no Brasil, conjugar, na prática, um novo verbo: “PALOCCIAR”, que significa a arte de triplicar seus patrimônios num espaço muito curto e inexplicável de tempo. No caso do governador, contratos sem licitação com empresas de seus amigos envolvendo cifras “insignificantes” de mais de cem milhões de reais, superfaturamentos, etc..., um jeito muito fácil de enriquecer rápido ou “pallociar”. O Brasil jamais será um país de primeiro mundo enquanto políticos e empresários agirem desta forma. Infelizmente, é uma questão de berço. Nossos irmãos portugueses, na época da colonização, só estavam interessados em secar o Brasil de suas riquezas e enviá-las para Portugal. Depois vieram os espanhóis, com o mesmo objetivo em todo o continente. Vilas produtoras de ouro e diamantes não cresciam, pois a riqueza era dividida entre o rei e uma meia dúzia de dignitários, enquanto o povo vivia na miséria. Já naquela época havia os “pallociantes”: vinte diamantes eram encontrados, quinze enviados para a coroa e cinco divididos entre eles. O castigo era pesado, se descobertos: morriam! Mas, o enriquecimento era fácil e rápido, justificava o risco. Tal qual agora. Contratos sem licitação e superfaturamentos constituem um jeito fácil de triplicar patrimônios já gordos, ou seja, “pallociar”! A diferença é que no Brasil atual reina a impunidade. Se as irregularidades envolvendo o governador Sérgio Cabral e seu amigo íntimo Fernando Cavendish, dono da Delta Construtora (campeã de licitações no estado) forem confirmadas, o governador, no mínimo, deveria sofrer impeachment e a referida empresa ser proibida de participar de licitações, além de devolverem todos os milhões de reais aos cofres públicos e responderem processo perante a justiça e o povo.